domingo, 3 de maio de 2009

Hà dias assim que são noites sem fim.....


Hoje à noite a solidão morre de prazer, do chão ao tecto e da cozinha aos quartos palmo a palmo até ao mais pequeno canto a sua sombra se estende, pesada, silenciosa, manhosa. Saudade! Guitarra sem cordas, ser abstracto sem rosto nem voz, tela sem luz, catedral taciturna, duna sem mar, guilhotina dos sons, tronco sem ramos, ópera de mudos fantasmas, coro afónico. Palco abandonado à melancólica imaginação onde as almas sopram poeiras de uma inexistente actuação! Ahhh! Solidão, corpo sem pés mãos e coração, porta fechada à comunicação, rio abstracto sem afluentes peixes e navegação, oceano sem costas, terra sem vegetação, campo de concentração para recordações, amante da inquietação desfazes os laços da comunhão, da ligação da união trocas o sim contra o não e amarras a angustia ao coração.
Ai! Ai! Ai! Solidão, ninho onde crescem saudades, barco ancorado sem cais nem paredão, muralha erguida contra a transmissão, prisão sem portas de janelas fictícias abertas à nostalgia e a ilusão, deserto povoado de efémeras miragens …
Mas solidão! Amanhã pela alvorada vais ter que morrer e deixares raiar o que pintas-te de negro no meu coração.
Manu